Paro a minha desinteressante viatura num semáforo; ao lado, passa velozmente por mim um jovem motard. Para ele não existem semáforos vermelhos. É um deus! Dedico-lhe este soneto de inveja...
um leve e ruidoso deus, de moto,
passa num relance, camisa alada,
em direcção ao seu destino ignoto
que invejamos, sem dele saber nada.
para pessoas mortais, o futuro
é só um presente mais duradouro;
viver é-lhes como sentar num muro:
ter no que foram sempre o seu tesouro.
mas não o deus alado, aqui ao lado,
onde por um instante terá sido
o brilho de impossíveis entrevistos.
escapou-se já, veloz e bronzeado,
deixando um fumo vago e atrevido,
o esfumar-se de sonhos imprevistos.
domingo, 17 de maio de 2009
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