quem é o velho que vagueia
por corredores infinitos
da memória, dorida veia
onde vivem mortos e gritos?
quem será pois este que assombra
os labirintos da tristeza:
este espírito ou esta sombra,
a culpa em cinza; e sempre acesa?
quem é este que se demora
onde o não podemos achar,
dor que na cave de nós mora
e ninguém sabe exorcizar?
a figura esguia de um grito,
quem será?
o mal que se tornou um rito,
de onde vem?
esta culpa feroz e má
revolve em nome de quem?
nós somos culpados de já
não ter mais lágrimas em flor
nem te orar por alma. mas se há,
acaso, medida da dor,
a nossa dor ultrapassou-a,
voz do tamanho do vazio,
passado que rasteja, à toa,
para baixo do chão sombrio
onde o teu corpo se esboroa
sob esse musgo velho e frio.
é verdade: já não oramos.
já quase nem saudades temos.
é verdade: já não choramos.
é aceitável: já morremos.
sexta-feira, 19 de junho de 2009
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