quarta-feira, 13 de abril de 2011

desencontro

não sei em que coordenadas, na imensidade
da nossa relação, deixei, meu filho,
de te ver. sinto agora, às vezes, um reflexo
de ti, mas nem sempre; ou oiço
uma música como tu, e penso: é ele.
mas não és.

não és:
e estes ecos não acordam
o meu universo de súbito apagado.

em certas coordenadas da nossa proximidade,
meu filho, a proximidade partiu-se
em duas coisas:
uma proximidade que tenho agora comigo mesmo,
como se viesse asfixiar-me,
sozinho, vazia,
e teres descido de mim embora,
como se nada mais do que isto: teres-te ido embora.

oiço às vezes uma raiva,
mas não há já tu dentro dela,
oiço às vezes um riso,
mas não há tu dentro.

oiço a saudade. mas dentro dela
tu não estás. só eu só.

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