quarta-feira, 27 de julho de 2011

a indistinta felicidade dos outros

o vento sacode as lentas orelhas
de um cão desconhecido, de um amarelo que eu nunca vira em cão,
à janela de um mercedes muito antigo e muito velho.

há uma espécie de bondade feliz irradiando de um cão amarelo
ao vento vagaroso, ou de orelhas vagarosas ao vento,
num mercedes muito antigo e muito velho,

e essa bondade feliz contagia a família que,
daqui,
num carro atrás,
não consigo distinguir: mas quem me dera pertencer ali.
pertencer àquele mercedes e àquele cão,
ou a uma outra constelação qualquer assim,
de modo a que simplesmente eu não fosse eu agora,
eu não fosse eu aqui,
nem eu nem agora nem aqui.