eis o morro onde me demoro muito depressa,
e me desuno
e me subtraio: não há maior traição
que subtrair-se a si próprio.
acordava às seis horas da manhã.
abria os olhos
e uma desesperada gravidade
tratava imediatamente de me cercar, me sorver:
cercava-me.
esta é a estrada por onde vou
e me demoro muito depressa.
às seis horas da manhã, todos os dias, recomeço,
todos os dias,
neste morro, nesta estrada que me espera.
e nesta demora me desuno.
vagarosamente depressa de mais.
sábado, 30 de janeiro de 2010
sábado, 2 de janeiro de 2010
AS ARANHAS SÚBITAS
na geografia de contrariedades onde vivo,
quando o meu passo, deseducado, se faz desadequado
e tropeço,
tenho de cair com vagar e precaução,
porque atrás de portas mal fechadas
sobrevivem, como aranhas mal dormindo,
as emoções antigas, todos os passados inesgotados.
e há um rumor atroz
atrás
de cada amor;
e o que temo não é a velhice de antigos rumores
aracnídeos,
o que temo é a paciente juventude
das subtis aranhas súbitas
quando o meu passo, deseducado, se faz desadequado
e tropeço,
tenho de cair com vagar e precaução,
porque atrás de portas mal fechadas
sobrevivem, como aranhas mal dormindo,
as emoções antigas, todos os passados inesgotados.
e há um rumor atroz
atrás
de cada amor;
e o que temo não é a velhice de antigos rumores
aracnídeos,
o que temo é a paciente juventude
das subtis aranhas súbitas
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